No passado sábado, o
Real Madrid viajou a Castellón para defrontar o Villarreal. Ambas as equipas
partiam com o mesmo número de pontos para um jogo, que já se previa ser de grande
intensidade. O resultado foi de um empate a duas bolas com ascendente para a
equipa da casa.
Este era o primeiro
grande exame de Ancelotti, e por azar, faltavam elementos chave. Como descrito
no artigo desta edição “Análise táctica ao Real Madrid”, o técnico italiano
tenta mudar velhos hábitos e implementar o seu estilo de jogo, mas está longe
de o conseguir.
A equipa reprovou no
exame, sentiu-se incomoda durante todo o jogo, e nesta análise tentamos
explicar o porquê!
Onze inicial com importantes
ausências e opções precipitadas.
No onze inicial
madridista vimos de tudo no que toca a posicionamentos, primeiras, segundas e até
terceiras opções. A inclusão de Illarramendi foi a grande surpresa, não tanto pela
sua falta de ritmo, mas pelas excelentes exibições que Modric tem vindo a
demonstrar nessa mesma posição. Esta decisão demonstra a urgência de Ancelotti
em impor o seu jogo, a urgência de juntar Modric a Isco no interior do meio
campo criativo.
Na baliza o melhor
jogador do Real Madrid em Castellón, Diego Lopez. Uma vez mais o guarda-redes
galego justificou a titularidade com uma exibição galáctica.
A defesa obteve nota muito abaixo do exigido. Pepe e Sérgio Ramos sentiram a inclusão de Nacho e Carvajal no onze. Foram obrigados a fazer mais dobras, a deslocarem-se da sua posição natural e a serem mais faltosos. A ausência de Xabi Alonso faz-se sentir, principalmente contra equipas como o Villarreal, que se sentem cómodas jogando pelo corredor interior. A equipa esteve permeável, e muito devido a um lateral direito limitado defensivamente, e a um lateral esquerdo de terceira opção.
A defesa obteve nota muito abaixo do exigido. Pepe e Sérgio Ramos sentiram a inclusão de Nacho e Carvajal no onze. Foram obrigados a fazer mais dobras, a deslocarem-se da sua posição natural e a serem mais faltosos. A ausência de Xabi Alonso faz-se sentir, principalmente contra equipas como o Villarreal, que se sentem cómodas jogando pelo corredor interior. A equipa esteve permeável, e muito devido a um lateral direito limitado defensivamente, e a um lateral esquerdo de terceira opção.
No
meio campo, Ancelotti colocou Illarramendi como médio defensivo, decidindo
empurrar Modric para o lado de Isco. A ideia é a base do seu estilo de jogo, criar
uma saída de bola mais controlada com médios interiores com grande capacidade
de condução e verticalidade. O sistema triangular de transição falhou, certo
que muito pela falta de Marcelo do lado esquerdo, mas também pela notória
preocupação de Modric em proteger Illarramendi em tarefas defensivas.
Na
frente, a inclusão de Bale foi uma surpresa, o que demonstra uma clara
dualidade de critérios de Ancelotti na hora de decidir, tendo em conta a união
do grupo e a motivação dos jogadores. O galês está longe da sua melhor forma,
mas promete, jogou apenas com paixão, com vontade, e apenas isso foi suficiente
para apontar o primeiro golo do Real Madrid.
Cristiano Ronaldo
parece longe de estar confortável com este sistema de jogo, e as suas fracas
exibições são preocupantes. Os seus melhores momentos aparecem quando o Real
Madrid joga à Mourinho, com transições rápidas e muito espaço na frente de
ataque. O seu golo surge precisamente num desses momentos.
Por fim Benzema, o internacional francês demonstrou uma vez mais as suas carências na posição de 9, realizando um jogo medíocre.
Por fim Benzema, o internacional francês demonstrou uma vez mais as suas carências na posição de 9, realizando um jogo medíocre.
Apenas Diego Lopez
se opôs à qualidade do Villarreal.
A equipa de
Marcelino Garcia foi melhor em todo o jogo, criou mais ocasiões de golo, foi
mais organizada, mais equilibrada nas transições e certamente que o resultado
seria outro caso Diego Lopez não estivesse presente no Madrigal.
Primeira parte “atrapalhada”
de Ancelotti
Durante toda a
primeira parte, a equipa da casa dominou o meio campo por completo. A
incorporação de Illarramendi como médio defensivo, e a sua falta de ritmo, manteve
Modric bastante ocupado com tarefas defensivas. Com a ausência de Marcelo no
corredor esquerdo, e a pouca verticalidade de Nacho, Isco sentiu-se bastante
limitado e nunca encontrou um equilíbrio que lhe permitisse sair a jogar. Com
estes dois sectores limitados, o Real Madrid falhava na saída de bola em
construção, e jogava longe da baliza de Asenjo.
O primeiro golo do Villarreal surge aos 20’ e após 3 grandes intervenções do guarda-redes madridista. Cani foi o autor, num lance em que ficou bem demonstrada a falta de entrosamento da equipa de Ancelotti no sector defensivo.
O primeiro golo do Villarreal surge aos 20’ e após 3 grandes intervenções do guarda-redes madridista. Cani foi o autor, num lance em que ficou bem demonstrada a falta de entrosamento da equipa de Ancelotti no sector defensivo.
O Real Madrid estava
lento, desposicionado e sem ideias. O trio ofensivo estava muito longe dos
médios criativos, e Benzema era obrigado a descer no terreno para ajudar a
saída de bola. Isco tentava sair, mas sem sucesso, faltava apoio, tanto na ala
esquerda como no interior do terreno.
Ao minuto 38, assistimos
pela primeira vez, a um lance com assinatura do técnico italiano. Na única
saída de bola perfeita do Real Madrid, pelo lado direito, o triangulo Modric,
Carvajal e Illaramendi demonstraram a todo o madridismo que é possível mudar o
estilo de jogo, e com uma jogada perfeita, fabricaram um golo exemplar,
finalizado pelo estreante Bale.
As equipa pareciam
soltar-se, o jogo estava mais entretido, mais aberto, mas as ideias eram as
mesma e as bolas perdidas por ambas as equipas continuavam a predominar, até
chegar o intervalo.
Na segunda parte, o
técnico italiano fez “reset” ao estilo de jogo.
Apenas aos 15
minutos da segunda parte, Ancelotti percebeu que o sistema tinha que mudar.
Faltava mais conexão entre o meio campo e o ataque, e os estreantes Illarra e
Bale estavam esgotados. O Villarreal continuava a dominar o meio campo, e por
essa razão, entrava Khedira por Illarra, recuando Modric. A ideia era voltar ao
sistema de jogo habitual, o de Mou, com saídas de bola mais rápidas, mais
eléctricas, com Cristiano a receber numa zona mais recuada e com Isco a
aparecer numa zona mais central, no papel do ex-jogador do Real Madrid, Mezut
Ozil.
Khedira entrou mal
no jogo, algo desmotivado, tal como Di Maria. Ambos pareciam contrariados, sem
vontade de jogar. O alemão sente falta de Xabi Alonso, o seu par ideal, e o
argentino pareceu não perceber a entrade de Bale no onze, e talvez com razão.
Di Maria vem sendo nos últimos jogos, a chave de Ancelotti com diagonais
decisivas e desmarcações rápidas nas costas da defesa contraria. Ontem foi
suplente!
A equipa ganhou mais
velocidade, e num lance de transição rápida, Ronaldo como “peixe na água”, deu
vantagem à equipa madrilena.
Tudo parecia
encaminhar-se para um final de jogo partido, desorganizado, onde os mais
rápidos e criativos ganham vantagem. Mas isso não aconteceu!
Tudo mudou ao minuto
69! Modric esqueceu-se que Illarramendi já tinha sido substituído, e com algum
cansaço à mistura, colocou uma passadeira vermelha para que Cani brilhasse com uma
espectacular entrada pelo interior. O jogador do Villarreal conseguiu desferir
um remate fantástico, sem oposição, frente a um Pepe bastante permissivo. À imagem do primeiro golo, Diego Lopez
respondeu a um primeiro remate, mas devido a uma permissividade preocupante dos
defesas do Real Madrid, Giovanni, empurrou para o fundo da baliza. A Carvajal,
só lhe faltava mesmo festejar junto dos jogadores do Villareal!
Estava feito o 2-2 e
até final do encontro assistimos a um ataque fulminante do submarino amarelo
contra um Diego Lopez nota 10.
A haver um vencedor
seria o Villarreal, mas tão pouco seria justo. A grande exibição de um super
Diego Lopez salvou Carlo Ancelotti da sua primeira derrota na liga espanhola.
O técnico italiano
afirmou no seu primeiro dia, que o Real Madrid tem que vencer jogando um
futebol espectacular, mas ao que parece, apenas um jogador o ouviu, Diego
Lopez, que grande jogo!
O Real Madrid conta
com “Plano A melhorado”, mas continua a faltar o “Plano B”
Vem aí a Liga dos
Campeões! O nível é outro, e esperemos que as exibições do Real Madrid sejam
bem diferentes. No passado sábado já conseguimos ver uma breve demonstração do
novo estilo de jogo, mas foi pouco!
Continuam os mesmos
problemas do ano passado, com lesões em sectores importantes a obrigar o
treinador a introduzir no onze, terceiras opções.
O plano B continua
sem se ver, e contra equipas que pressionam bem, sair em condução de bola só é
possível com um bom equilíbrio no triangulo de construção. Caso contrario, é
necessário um plano B, que consiste basicamente em fazer um transporte directo
para o ponta-de-lança, o tal jogador que ainda não apareceu!
Sem comentários:
Enviar um comentário