terça-feira, 26 de junho de 2012

Portugal - Espanha: A minha previsão (Publicada no jornal dez)


Portugal terá pela frente a favorita Espanha, uma equipa madura com um estilo de jogo bem conhecido, que se baseia sobretudo na posse de bola. A sua grande caracteristica a nível ofensivo, é a criação rápida de linhas de passe e constante movimentação dos seus jogadores procurando os espaços vazios. Os laterais têm um papel importante na equipa, subindo com regularidade e aparecendo nas costas da defesa aproveitando os espaços criados pelas diagonais dos seus alas.


Portugal terá que ser capaz de destruir a teia montada pelo fortissimo meio campo de “nuestros hermanos”. Com solidariedade nas dobras e sobretudo rapidez e atitude, os lusos serão obrigados a reduzir os espaços entrelinhas e cuidar as costas dos laterais.

Esta seleção portuguesa já mostrou contra a Alemanha, um elevado potencial defensivo, o que garante a Paulo Bento confiança, ou se quisermos utilizar a sua expressão favorita, tranquilidade. O problema estará a nível ofensivo, a transição defesa ataque é o grande desafio para este jogo, prevendo-se bastante trabalho para Moutinho e Meireles. Os médios portugueses, com excelentes atributos Box-to-Box (capacidade de jogar nas duas áreas de jogo), serão a chave para esta partida. Com a obrigação de recuar ajudando na destruição de linhas de passe e reduzindo ao máximo os espaços no meio campo, é-lhes igualmente pedido que conetem o jogo defensivo com o jogo ofensivo da seleção nacional.

Certo é, que Espanha tentará anular o ataque português pressionando a primeira linha, para responder a isso, Paulo Bento necessitará de um ponta-de-lança capaz de segurar o jogo e ganhar tempo para que Moutinho ou Meireles recuperem as suas posições ofensivas. Neste setor, Paulo Bento será obrigado a mexer no onze, com a ausência forçada de Postiga, só o técnico português sabe quem estará em melhores condições para entrar de ínicio.

Cristiano Ronaldo, será um problema para Espanha se a transição defesa ataque funcionar, e se Portugal for capaz de jogar no ultimo terço do campo. No último jogo oficial entre ambos, precisamente no Mundial 2010, a Espanha conseguiu anular a presença do 7 português, obrigando a seleção nacional a elaborar passes em profundidade facilmente controlados pela rápida defesa espanhola. É certo que o estilo de jogo mudou com Paulo Bento, esta equipa tem mais capacidade de posse de bola, ao contrário da equipa de Queirós, que perdia capacidade de passe com Pepe a médio defensivo. Portugal está melhor que no Mundial passado, a troca de João Pereira por Ricardo Costa, de Ricardo Carvalho por Miguel Veloso, recuando Pepe para central, de Tiago por Moutinho e Nani por Simão, dão outra frescura a esta seleção, mais velocidade e atitude na transição de bola e mais poder de transporte de jogo.

Quanto ao aspeto tático de ambas as equipas, não haverá surpresas, jogarão com o seu estilo de jogo habitual, por certo bastante maduro e personalizado. As únicas dúvidas residem no 11 inicial, precisamente no tão discutido número 9. O mais provável será que Del Bosque mantenha Fabregas, e que Paulo Bento confíe em Hugo Almeida para entrar de inicio.

 


Paulo Bento, conta com todo o plantel disponível, à exceção do lesionado Postiga. Os jogadores que estavam em risco de suspensão, Fábio Coentrão, Cristiano Ronaldo, Raul Meireles, João Pereira, Hélder Postiga, Miguel Veloso e Nani conseguiram “limpar” os seus amarelos, ou seja, mesmo que um destes jogadores veja o amarelo, poderá disputar a final de Kiev. A nível de favoritismo, já aqui foi dito que Espanha leva vantagem, mas é bom dar uma vista de olhos às estatísticas. Em 7 jogos oficiais disputados entre estas duas seleções, 2 resultaram num empate, 4 em vitórias da Espanha e apenas 1 em vitória para Portuga. A vitória portuguesa foi precisamente no único campeonato europeu em que Portugal chegou à final, o de 2004, com golo de Nuno Gomes no estádio de Alvalade.


Não fazia sentido terminar esta previsão sem antes falar no último jogo entre ambas as equipas, apesar de amigável, é um bom preságio para a seleção nacional, os 4 a 0 no estádio da luz deixam boas indicações para a seleção nacional e mostram o caminho certo para eliminar esta favorita espanha. Relativo a esse jogo, talvez a ausência de Carlos Martins seja a única grande nota, o português esteve bastante bem na conexão defesa ataque, aparecendo varias vezes na zona de finalização. Esperemos então, que especialmente Moutinho, continue com o seu elevado nível de qualidade e continue a brilhar neste europeu, fazendo esquecer o tal numero 10 que tanto falta nos faz.

Estão assim lançados os dados, Portugal poderá provar neste jogo que cresceu durante este Europeu, e que se encontra preparado para derrubar a favorita Espanha seguindo o seu imaculado caminho para mais uma final europeia.

Portugal - Rep. Checa: A minha análise (Publicada no Jornal Dez)

O desfile da seleção nacional neste europeu mostra sobretudo, personalidade, espirito de equipa e rigor tático. Felizmente, o aparecimento da qualidade técnica de jogadores chave, tem se sumado a esta embarcação que desde a passada quinta-feira se encontra em porto seguro. A viagem até este Top 4 europeu, tem sido dificil, e se analisarmos com cuidado, reparamos que o nível de dificuldade tem diminuído de jogo para jogo. Será devido a um crescimento na qualidade de jogo Luso?, ou será que os adversários têm sido mais fracos de jogo para jogo?
Esta resposta poderá ser dada já no jogo de amanhã, isto porque, teoricamente a Espanha está ao nível da nossa primeira adversária, Alemanha. Se Portugal realmente cresceu durante este europeu, terá então todas as possibilidades de eliminar este colosso do futebol atual e confirmar um salto importante na qualidade do seu jogo.

Analisando Portugal 1-0 Rep. Checa
Portugal dominou durante 80 minutos uma seleção notóriamente inferior nos três terços do campo.  A seleção nacional foi mais consistente, mais madura e sobretudo mais equipa durante a maior parte do jogo. A Rép. Checa entrou melhor, com mais atitude e vontade de marcar, acabando mesmo por criar algumas situações complicadas para a defesa portuguesa. A partir dos 10 minutos de jogo a história muda, Portugal assume o comando e mostra a sua personalidade, dominando a partida e a posse de bola (65%) até ao final do jogo. Numa segunda parte fantástica da seleção nacional, os Lusos conseguiram profundizar o seu jogo, aparecendo sobretudo um Nani mais solto e com mais ideias. A equipa de Paulo Bento chegou várias vezes à baliza checa mas apenas aos 79 minutos, num lance de desiquilibrio pelo lado direito, João Moutinho cruza para area e Cristiano Ronaldo resolve com um cabeceamento exemplar.

Será que Portugal cresceu durante este europeu?
Portugal entrou com o seu habitual 4-1-2-3, desdobrado num 4-3-3 ofensivo. Paulo Bento, estruturou a equipa com o mesmo desenho e entrou com o seu onze de gala. Rui Patricío, Fábio Coentrão, Bruno Alves, Pepe, João Pereira, Miguel Veloso, Raul Meireles, Moutinho e na frente, Ronaldo, Postiga e Nani.

Sem qualquer novidade no onze ou até mesmo mudança tática, Portugal mostrou ser um equipa consistente, lutadora e dominadora. Contudo, falta mais eficácia no último passe e mais velocidade na transição defesa ataque. A nível psicológico, a equipa mostrou mais confiança, mais vontade de arriscar no 1 para 1 e atitude, especialmente em momentos de pressão. Portugal durante este europeu tem ganho força e criatividade ofensiva, o que se traduz em golos, 6 em 4 jogos. O grande responsável por este aumento de potencia ofensiva é sem dúvida Cristiano Ronaldo, o atacante português é já o recordista de numero de bolas no ferro em fases finais, e está a apenas 3 golos de bater o recorde de Platini, como melhor marcador de sempre.

De todos os modos nem tudo foram rosas a nivel ofensivo e Paulo Bento terá que rever o papel do ponta-de-lança, é importante que seja capaz de aguentar a pressão dos defesas e consiga soltar a bola se possível para as alas, só assim Moutinho ou Meireles terão tempo para subir no terreno e criar desequilíbrios no último terço. Postiga com nota negativa neste jogo, e Hugo Almeida, foram incapazes de jogar de costas para a baliza, talvez Nélson Oliveira seja o jogador com melhores caracteristicas para aguentar a bola nos pés.
A nível defensivo, a nossa seleção não foi testada como se esperava num jogo de quartos de final. Contudo, seria importante melhorar as dobras dos centrais que mesmo sem muito trabalho, tiveram algumas dificuldades, principalmente quando Baros descaía para o lado esquerdo da defesa portuguesa. Exceptuando isso, nota bastante positiva para o setor defensivo, especialmente Pepe, que tem sido juntamente com Hummels o melhor defesa central do torneio. Nos cruzamentos ao segundo poste, deu para ver algumas melhorías, principalmente nas saídas de Rui Patricio que felizmente tem vindo a ganhar confiança de jogo para jogo.

O trio de meio campo, esteve com bastante trabalho principalmente na primeira parte, os checos bastante agressivos e pressionantes, foram cortando linhas de passe e reduzindo espaços, o que deixa Portugal sem possibilidades de desequilibrar no 1 para 1. Os mais prejudicados foram Nani e Raul Meireles, uma primeira parte fraca dos jogadores da premier league, incapazes de carimbar a sua qualidade e importância nesta equipa desenhada por Paulo Bento. Ao contrário destes, João Moutinho, tem mostrado especialmente a Carlos Queirós, que a sua ausência no último mundial, foi uma autentica injustiça e diria mesmo, estupidez.

Quanto às substituições, a entrada de Hugo Almeida é aceitável, numa troca por troca, só Paulo Bento sabe quem está em melhores condições para jogar. A entrada de Custódio para o lugar de Nani, é compreensível, com o objetivo de travar o avanço do meio campo checo, dando mais frescura ao português e libertando Miguel Veloso para tarefas mais ofensivas. O que não se entende é a entrada de Rolando, Portugal não estava a ser pressionado, não necessitava mudar o estilo de jogo para um 3-5-2 recuado, e com tudo isto, arriscava-se a ir para o prolongamento sem mais substituições e com uma equipa bastante defensiva.

Conclusão, Portugal consegue um “satisfaz bastante”, contra uma equipa que inicialmente prometia, mas que durante o jogo mostrou que se encontra em processo de renovação e que lhe falta alguma madurez sobretudo a nível ofensivo, talvez também pela ausência forçada de Rosicky. Vitória mais que merecida, com nota alta para Moutinho e nota excelente para Cristiano Ronaldo. O madeirense, já leva 3 golos e é juntamente com Gomez, Dzagoev e Mandzukic o melhor marcador da prova, para além disso, conta juntamente com Ozil, Iniesta e Pirlo com a segunda nomeação como melhor jogador do jogo.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Profetas do Futebol (Publicado 9ª Edição Jornal Dez)

O mundo do futebol é uma realidade mágica que só os que o vivem e o conhecem têm o privilégio de saborear momentos únicos. O futebol é mais que um desporto, mais que uma mera competição, mais que um simples jogo entre duas equipas. É um culto que nos faz sorrir e chorar de emoção, abraçar e cantar com os nossos, saltar e gritar bem alto o nome da nossa equipa e suspirar para nós mesmos, obrigado futebol!
Neste Europeu temos testemunhado momentos exemplares de adeptos que amam o desporto mais popular do mundo e o vivem intensamente, transformando-o numa autêntica festa de cores, cânticos e convívio entre diferentes culturas. Como nada é perfeito, toda esta onda exemplar, é contrastada com pontuais atos sujos e violentos pelos bares e ruas dos países organizadores.

Dos vários encontros já disputados, destaca-se o exemplo de fair-play e paixão, que os adeptos irlandeses demonstraram no jogo contra a Espanha. É importante referir que durante os 90 minutos, a Irlanda foi totalmente dominada pelo espetacular futebol espanhol, e que com essa derrota estava automaticamente eliminada da competição. Se dentro das quatro linhas a Espanha dava um recital de futebol, nas bancadas eram os irlandeses a brilhar e encantar. Mais de 30 mil adeptos cantaram durante alguns minutos a célebre canção popular irlandesa “The Fields of Athenry”, uma música que descreve o triste período designado de Grande Fome Irlandesa (1845-1849), onde como o próprio nome indica, a fome, as doenças e emigração em massa, mataram mais de 1 milhão de pessoas e forçou outro milhão a emigrar da ilha.
Para quem ama e respeita o futebol, é um prazer testemunhar momentos como este, e é também importante, entender a origem e significado de certos cânticos, faixas ou até mesmo atitudes. Neste caso em particular, os irlandeses quiseram demonstrar que mesmo em momentos difíceis, estão ao lado da sua seleção e que cantando conseguem passar uma mensagem de união, demonstrando uma força única para ultrapassar os seus problemas. Parabéns e obrigado Irlanda!

O contraste poluído vem das batalhas campais nas ruas e bares de Varsóvia e Poznan, sendo a mais grave entre adeptos Russos e Polacos. A história “Mais que um jogo”, préviamente contada neste jornal, confirmou que existem ainda, adeptos que usam o futebol para expressar as suas fracas atitudes e comportamentos, transportando para este desporto o renascimento de histórias que a sociedade tenta esquecer. Para todos os que sabem viver no mundo futebolístico é inútil desenvolvermos temas que nos desiludem e nos deixam tristes, manchando toda a palete de cores vivas e alegres que pintam este europeu.

Com os quartos-de-final a bater à porta, o escaldante Alemanha - Grécia será o jogo mais apetecido para misturar politica com futebol. O ambiente à volta deste confronto é pesado e delicado, o que possivelmente causará um derrame de atos que nada dignificam o desporto. Infelizmente a política medíocre estará sempre conetada a veículos de comunicação com visibilidade sem fim, e o futebol é um desses veículos.
Num ambiente desta natureza, só os profetas do futebol serão capazes de dar uma lição de fair-play e convívio, dentro e fora do estádio. Esperemos então que os protagonistas baratos deixem de lado os seus problemas e desfrutem como nunca, de todos os ingredientes maravilhosos que este Europeu tem para oferecer.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Grupo B: Análise à 1ª Jornada e Previsão para os próximos jogos (Publicado na 8ª Edição do Jornal Dez)


Depois de uma análise teórica, ficamos a perceber na prática o porquê de se chamar ao grupo B, o “grupo da morte”.
Com a surpreendente vitória da Dinamarca frente a uma enferrujada laranja mecânica, o grupo fica ainda mais equilibrado e coloca os escandinavos numa posição confortável na classificação, empurrando a favorita Holanda para o desespero. O segundo e mais esperado jogo do grupo, demonstrou um equilíbrio entre duas das seleções mais fortes deste europeu, ambas com um estilo de jogo bem definido e com excelentes apontamentos para os jogos que se avizinham. Portugal deixou excelentes indicações, mas pecou onde sempre peca, na finalização. Sem surpresa, mas também sem brilho, a Alemanha demonstrou que tem equipa e qualidade para chegar longe nesta competição. Por fim a Holanda, desiludiu, mas não se rendeu, e tem no próximo jogo contra os alemães, uma excelente oportunidade de reentrar na corrida pelos quartos.

Próximos jogos
Portugal deixou bons apontamentos para o próximo jogo, personalidade, atitude e excelente posicionamento táctico. Faltou apenas a finalização e para isso a equipa de Paulo Bento terá que ser capaz de criar mais ocasiões de golo. O jogo contra a Dinamarca, será um jogo diferente, onde Portugal ao contrário deste, é favorito, e é obrigado a vencer. Paulo Bento terá que entrar para ganhar assumindo o jogo, abdicando de um dos médios defensivos e colocando em jogo Hugo Viana ou Ruben Micael, jogadores com atributos mais ofensivos capazes de aparecer na zona de finalização e ajudar Postiga no último setor.


A Dinamarca jogou e convenceu, uma equipa tranquila que gosta de ter a bola nos pés, mas que pressionada poderá sentir algumas dificuldades. Contra Portugal, o seu grande problema será parar as alas lusas que com a subida dos laterais obrigará à descida de Rommedahl ou à dobra de um dos seus médios defensivos. Veremos se os escandinavos são capazes de manter a regularidade e ultrapassar a ambição lusa.


A Holanda não tem outra saída senão pontuar no jogo contra a grande favorita Alemanha, veremos se o selecionador holandês mexe no seu onze e dá algum dinamismo ao meio campo laranja. É indiscutível o valor desta seleção, apenas falta afinar a troca de bola no meio campo e dar mais profundidade com a subida dos laterais. Contra a Alemanha, terá que jogar mais rápido e mais apoiado, talvez colocando Huntelaar como referencia no ataque passando Van Persie para a direita e Robben para a esquerda, deixando Afellay como um excelente recurso no banco. 


A Alemanha tem obrigação de mostrar mais a nível ofensivo, de qualquer forma, como aqui já foi dito, esta seleção tem tudo para ganhar esta competição. Contra a Holanda e comparando com o seu último jogo frente a Portugal, prevê-se um jogo mais fácil a nível ofensivo, mas também mais difícil a nível defensivo. Com Sneijder no meio campo, Schweinsteiger e Khedira serão obrigados a recuar mais no campo e a fechar os espaços à entrada da área, e mais se complica se a Holanda decidir explorar as alas, obrigando um dos médios defensivos a apoiar os laterais. Será certamente um grande jogo de futebol entre a terceira e a quarta classificada do ranking FIFA.

Alemanha - Portugal: A minha análise (Publicada na 8ª Edição Jornal Dez)


Neste jogo, tanto Alemanha como Portugal estiveram bastante bem no aspeto tático, e proporcionaram um jogo bastante equilibrado. A Alemanha acabou por vencer Portugal por 1-0, num lance que mistura a sorte com o instinto matador de Mário Gomez.
 A nível de substituições pouco a dizer, os dois técnicos arriscaram pouco, fazendo apenas troca por troca com a exceção da entrada de Varela que analisaremos mais à frente. O encontro ficou marcado sobretudo pela falta de eficácia dos lusos, deixando um sabor amargo de frustração na equipa de Paulo Bento e um sabor agridoce na equipa alemã.

Numa primeira parte equilibrada em que as duas seleções demonstraram um comportamento tático exemplar, notou-se um ligeiro ascendente alemão, talvez devido a um excessivo respeito dos lusos pelos principais favoritos a vencer esta prova.
A primeira oportunidade de golo foi para Mário Gomez, aparecendo a cabecear solto de marcação na zona de penalti. A partir desse momento, a Alemanha foi atacando esporadicamente a defesa portuguesa criando algumas situações de perigo, mas sempre num ritmo lento e sem ideias. Nos últimos 15 minutos da primeira parte, Portugal sentia-se confortável no jogo e chegou mesmo a criar a melhor ocasião da primeira parte com o remate de Pepe ao travessão da baliza de Neuer.

Muitas expectativas para a segunda parte, onde se esperava uma mudança de ritmo e um estilo mais aberto, com mais espaços para as alas criarem jogo e proporcionarem mais oportunidades de golo. Houve realmente uma mudança de ritmo, mas o estilo de jogo de ambas as equipas manteve-se.
Até ao momento do golo (min 72), o jogo esteve sempre bastante equilibrado, e de certa forma controlado por Portugal que conseguia travar o meio campo e as alas alemãs, e que por momentos criava desequilíbrios, se bem que inconsequentes.
O momento do jogo, chega a 18 minutos do final, um cruzamento de Khedira desviado pelo braço de Moutinho que cai direitinho na cabeça do matador Mario Gomez, que com um cabeceamento exemplar bate Rui Patrício.
A partir do golo só deu Portugal e as entradas de Varela e Nelson Oliveira deram mais frescura e ideias à seleção, que até ao final de jogo pressionou e criou excelentes oportunidades para empatar o jogo.

Alemanha com estrela de campeão

Os alemães entraram no jogo com pouca velocidade, poucas soluções e ideias pouco claras. Logicamente que não se devem tirar conclusões no primeiro jogo, mas analisando a fundo este encontro, ressaltam-se algumas notas que podem ser chave nos próximos jogos.
Joaquin Löw não prescindiu do seu 4-2-3-1 composto pela espinha dorsal do Bayern de Munique. O selecionador alemão acertou na inclusão do central Hummels em vez de Mertesacker, o defesa central do Borussia Dortmund foi dos melhores em campo e mesmo empurrando Boateng para o lado direito e Lahm para a esquerda, conseguiu juntamente com Badstuber criar um autêntico muro defensivo. No meio campo,  Schweinsteiger e Khedira foram a dupla responsável tanto pelo apoio defensivo, como no apoio a Ozil na condução do jogo ofensivo. Nas alas, Muller e Podolsky bem abertos no apoio a Mario Gomez.

A Alemanha não fez uma exibição de encher o olho, mas foi uma equipa coesa, com um futebol bastante vertical e direto. Esta seleção tem matador, tem muro defensivo e tem um excelente veículo de comunicação entre setores. Neste primeiro jogo, o único aspeto negativo foi a falta de ideias na comunicação entre meio campo e ataque, muito devido à pressão da seleção Portuguesa. Veremos se contra a Holanda esta comunicação é mais eficaz, mais fluida e é capaz de criar mais ocasiões de golo.

Portugal com personalidade mas sem eficácia
Portugal entrou com o seu onze de gala e o seu habitual 4-1-2-3, bastante apoiado no meio campo, reduzindo os espaços entrelinhas e deixando pouca margem de manobra para os médios alemães desequilibrarem.
Em geral a equipa de Paulo Bento esteve bem, Rui Patrício sempre muito seguro, uma defesa bem montada com Pepe e Bruno Alves bem sincronizados e os laterais muito atrevidos, especialmente Coentrão. No meio campo, Veloso um pouco lento mas bem na comunicação com o ultimo setor e na redução de espaços na frente da defesa. Moutinho e Meireles, bastante preocupados em anular os médios alemães, aparecerem pouco na zona de finalização e tiveram algumas dificuldades em conetar o jogo com Helder Postiga.
Cristiano Ronaldo e Nani, bem longe da sua melhor forma, mostraram algumas dificuldades em conduzir a bola até à área adversária. Postiga que mesmo perdido no muro alemão conseguia dominar a bola e distribuir para as linhas, faltou golo ao vila-condense. A entrada de Varela, deu mais ritmo ofensivo a Portugal e deixou Nani mais solto, o que ajudou Nelson Oliveira nas manobras ofensivas e obrigou Khedira a recuar bastante no terreno. 

Dinamarca - Holanda: A minha análise (Publicado na 8ª Edição Jornal Dez)

Um jogo bastante interessante, aberto, com ambas as equipas a pressionar o primeiro setor e com uma Dinamarca bem desenhada tacticamente. Os escandinavos souberam aproveitar um dos pontos fracos desta laranja mecânica, a transição defesa ataque, a Dinamarca pressionou bem a primeira linha holandesa e causou grandes dificuldades no transporte de bola, obrigando os laranjas a jogar em passes longos. Logicamente que a partir do momento que a bola chega ao último terço do campo, é difícil parar jogadores como Robben, Sneijder, Affelay ou até mesmo Van Persie. Estes quatro craques atacaram praticamente sozinhos durante todo o jogo, com um Van Bommel lento e um De Jong preso às suas raízes de médio defensivo mostrando uma pobre condução de bola.
A Dinamarca jogou com o seu habitual, 4-1-4-1 defensivo, desdobrado num 3-4-3 ofensivo, procurando a posse de bola e abrindo o jogo nas alas, aproveitando o mau momento de Van der Wiel e da estreia do jovem de 18 anos, Willems.

O jogo começou com uma Holanda num esquema de 4-2-3-1 lento nas transições e com um estilo de jogo completamente partido. Quatro jogadores de grande nível na frente e seis jogadores com bastantes limitações no setor defensivo. Sem conexão defesa ataque, obrigava os 4 da frente a criarem jogo sem qualquer apoio dos médios defensivos e principalmente sem a subida dos laterais. A Holanda conseguiu criar algumas oportunidades de golo, especialmente a ocasião de Robben ao poste da baliza escandinava, mas sempre originadas pelo desacerto dos defesas ou do guarda-redes dinamarquês.
Ao minuto 26 surgiu o único golo do jogo, como previsto, o desequilíbrio surgiu pelo lado esquerdo do ataque dinamarquês, e na primeira subida de Simon Poulsen, surge o golo de Krohn-Dehli. Uma jogada rápida contra uma defesa lenta e incapaz de parar a entrada do holandês, que na cara do guarda-redes coloca a bola no fundo das redes.

A primeira parte terminou com o Dinamarca em vantagem no marcador, vantagem que castiga o futebol triste da Holanda e premeia o excelente planeamento tático da equipa escandinava.

Na segunda parte esperávamos uma mudança no estilo de jogo holandês, o que não se verificou, o treinador Van Marjwik decidiu manter o 11 inicial e as coisas continuaram na mesma. Só ao minuto 26 da segunda parte, o selecionador holandês decide mexer no jogo, introduzindo Huntelaar e Van der Vaart. Tudo bem até se constatar a posição dos jogadores, passagem de Sneijder para a esquerda, Van Persie para segundo avançado e Van der Vaart no meio campo ao lado de Van Bommel. Um erro táctico claro, visto que nesse momento a Holanda necessitava abrir o jogo empurrando os médios dinamarqueses para as alas, abrindo assim espaço para Van der Vaart e Sneijder desequilibrarem e até tentarem a meia distancia. Com Sneijder na esquerda e Robben na direita, ambos a fazerem diagonais para o meio, a Holanda não ganhou espaços, muito menos abriu o jogo, e o meio campo dinamarquês sentiu-se cómodo, tendo apenas que fechar as linhas de passe e os espaços à entrada da área.
Interessantes foram as substituições do selecionador Olsen, que se preocupou mais em ter jogadores com toque de bola e capazes de segurar o jogo, que passar para um estilo de jogo mais defensivo, introduzindo em campo jogadores de carácter mais defensivo. Com a entrada de Schöne e MiKkelsen, a Dinamarca ganhou frescura na troca de bola e na movimentação defesa ataque, mantendo o seu estilo até ao final do jogo.

Vitória justa da Dinamarca que mostrou um jogo atrativo e simpático, deixando excelentes indicações para o jogo contra Portugal. Palavra também para o enorme jogo do médio dinamarquês Zimling, perfeito no setor defensivo e solidário no apoio ao ataque, aparecendo várias vezes na zona de finalização. Quanto à Holanda terá que rever o seu estilo de jogo e experimentar um estilo mais apoiado, refrescando o meio campo com jogadores mais rápidos e com maior capacidade para transportar a bola.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Seleção Dinamarquesa: A minha Análise (Publicada no Jornal Dez)

Para quem já não se lembra do hino “Der er et yndigt land”, que traduzido para português significa “Há uma bela terra”, relembro que foi o hino que soou mais alto no Europeu de 1992. Nessa altura apenas 8 equipas disputavam a competição e com a ausência forçada da ex-Jugoslávia devido à guerra dos balcãs, a Dinamarca ocupou o seu lugar e mesmo sem a sua estrela do momento Michael Laudrup, venceu a competição.
Neste campeonato europeu, não tem outra saída senão erguer novamente a bandeira da surpresa e deixar para trás equipas como Portugal, Alemanha ou Holanda.


A Dinamarca é uma equipa liderada já há 12 anos por Morten Olsen e que combina a qualidade técnica e fisica de jovens como Christian Eriksen, Simon Kjær, D.Agger e Bendtner com jogadores experientes como Dennis Rommedahl, Christian Poulsen ou Jacobsen. Equipa forte fisicamente, com atitude, excelente jogo aéreo, boa definição tática e que sempre nos habituou a um estilo de jogo mais refinado e simpático que o habitual escandinavo.


Na baliza confirmou-se a pior notícia, Thomas Sorensen de 36 anos, foi forçado a abandonar o estágio devido a uma lesão contraída no amigável contra o Brasil. Para o seu lugar Morten Olsen chamou o filho do mítico Peter Schmeichel, Kasper, jovem de 25 anos que joga atualmente no Leicester City.
A titularidade será disputada por Stephan Andersen de 30 anos, atual guarda-redes do Évian de França, e Anders Lindegaard guarda-redes do Manchester United. Andersen leva vantagem pelo numero de jogos realizados esta época e pela sua experiência. Lindegaard fez apenas 8 jogos pelo Man Utd e sempre na sombra do recém contratado De Gea.


No setor defensivo, Simon Kjær e Daniel Agger serão os centrais de serviço, bons no jogo aereo e fortes fisicamente, deixam um pouco a desejar na velocidade e na saída rápida a possiveis dobras aos laterais.
Para as linhas, Simon Poulsen e Lars Jacobsen são os prováveis candidatos. Jacobsen jogador do Copenhague, jogou apenas 7 jogos pela sua equipa e na sua sombra está o jogador do Benfica Daniel Wass, que emprestado aos franceses do Évian realizou 22 jogos e marcou 4 golos. No lado esquerdo, Simon Poulsen, jogador do AZ Alkmaar é o indiscutivel titular, jogou 50 jogos e marcou 4 golos, está na sua melhor forma de sempre e tem um papel importante nesta seleção.


No meio campo defensivo, William Kvist ou Silberbauer serão os responsáveis por arrumar a casa, sendo Kvist um jogador com melhor capacidade técnica e com mais qualidade para sair com a bola no pé.


No meio campo ofensivo estará indiscutivelmente Christian Eriksen, o jogador do Ajax de apenas 20 anos é um jogador recheado de talento e com um estilo de jogo muito similar ao de Michael Laudrup.
Na ala esquerda jogará Krohn-Dehli e no centro do campo apoiando Eriksen, estará Niki Zimling. No banco de suplentes, a estrela será Christian Poulsen, longe dos seus tempos em Itália, mas ainda com a capacidade de pautar um estilo de jogo mais maduro e de gestão do resultado.
No lado direito e um pouco mais avançado aparece o veterano Dennis Rommedahl, com um estilo de jogo muito vertical e direto. O jogador do Brondby tem como carateristicas principais, a sua velocidade e desmarcação nas costas dos laterais, aparecendo várias vezes em zonas perigosas e previligiadas para assistir o avançado de serviço.


Nicklas Bendtner é o matador da equipa, jogador do Arsenal emprestado ao Sunderland por decisão de Wenger, é um jogador que mistura a força escandinava com uma pitada de técnica latina permitindo-lhe jogar sozinho na frente. É um avançado que encaixa perfeitamente no estilo de jogo dinamarquês, recebe bem de costas para a baliza e distribui com qualidade para as linhas criando vários espaços para a entrada dos médios ofensivos.


Táticamente é uma equipa bastante personalizada e com um estilo de jogo bem maduro, e isso fêz-se notar na fase de qualificação.  Em 8 jogos perdeu apenas 5 pontos, 3 contra Portugal e 2 na Noruega, sofrendo apenas 6 golos em toda esta fase.


O seu habitual 4-1-4-1 desdobrado em 4-3-3 ofensivo, é conduzido pelo talentoso Eriksen e pelas subidas frequentes de S.Poulsen pelo lado esquerdo. Com um futebol de posse de bola bastante apoiado no meio campo e desmarcações nas linhas, a Dinamarca é obrigada a abrir e profundizar demasiado o jogo, o que a nível defensivo cria bastantes espaços entre-linhas causando problemas para os seus lentos centrais e para um meio campo incapaz de bloquear a transição contrária.


Portugal terá que rever o jogo de Copenhague onde foi claramente dominado, não conseguindo travar a transição defesa ataque da equipa dinamarquesa. Cuidados especiais para o talento do organizador Ericksen, para o intrometido Simon Poulsen, para a velocidade de Rommedahl e para o instinto matador de Nicklas Bendtner.